quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Fim do Ateísmo (2)

   O Argumento do Desígnio, que vou apresentar de maneira simples nesse post, caiu em descrédito nos últimos dois séculos graças a David Hume. Porém o argumento veio a mesa com força redobrada mostrando que nem mesmo as brilhantes mentes podem esconder o Designer na natureza.

   Existem duas modalidades deste argumento, a primeira baseia-se nas características ostensivas do mundo que mostram propósito, função ou finalidade. Talvez ainda não esteja claro para você, mas fique tranquilo, em um próximo post vou falar exclusivamente dele e vai ver que é mais simples que pular corda.

   A segunda modalidade do argumento, no qual vou me dedicar aqui, manifesta-se como uma inferência advinda do desígnio baseada na regularidade, equilíbrio e/ou ordem harmoniosa do Universo.

   Esse argumento, também é conhecidocomo argumento teleológico (que não tem nada haver com teológico), tem seu nome derivado do termo grego telos, que significa "plano". O argumento teleológico possui duas premissas (pontos 1 e 2) e uma conclusão, ele é apresentado da seguinte maneira:

          1. Todo projeto tem um projetista.
          2. O Universo possui um conceito bastante complexo.
          3. Portanto, o Universo teve um Projetista.

   Uma vez que as premissas foram apresentadas, temos que as defender para que a conclusão seja confirmada como verdadeira, assim funciona a lógica.

   A primeira premissa não apresenta nenhum tipo de problema. Assim como um relógio pressupõe um relojoeiro, um projeto pressupõe um projetista. Não parece haver nenhum tipo de problema aqui, basta aceitar o que é obvio e quem não aceita... pode tentar com aqueles brinquedos nos quais os bebes se utilizam encaixando as peças certas nos buracos certos.

   Já a segunda premissa é um desafio maior, principalmente se você não conhece nada de física. Pois o fato é que o Universo é especialmente adaptado para permitir a existência da vida na Terra — um planeta com uma quantidade enorme de condições improváveis e interdependentes para dar suporte à vida que o transformam num pequenino oásis no meio de um Universo vasto e hostil.

   Um outro ponto muito importante é que além de uma grande quantidade de condições para a existência da vida humana, esses condições são interdependentes, ou seja, uma depende da outra para funcionar e esse conjunto de condições é conhecido por princípio antrópico (do grego humano). Através desse princípio que muitos cientistas chegaram a conclusão de que o Universo é matematicamente planejado para a existência da vida na Terra.

   Se você assistiu o filme Gravity você observou que a personagem interpretada pela atriz Sandra Bullock lutava para manter um mínimo de oxigênio. Aqui na Terra nós temos um percentual muito confortável de oxigênio em nossa atmosfera, 21%. Se fosse maior que 25% incêndios espontâneos poderiam ocorrer em nossa preciosa atmosfera, mas se o nível fosse menor do que 15% morreríamos sufocados. Esse é o primeiro exemplo da constante antrópica.

   O segundo exemplo nós o olhamos todos os dias, principalmente os bonitos, quando olhamos para o maravilhoso céu azul. A atmosfera, além de ter um nível de oxigênio e outros gases nivelados (hidrogênio, dióxido de carbono e ozônio), possui um grau de transparência exato, pois se fosse mais transparente os raios solares bombardeariam a Terra não permitindo ter vida, por outro lado, se fosse menos transparente não teríamos luz solar suficiente para ter vida.

   Existem ainda muitos outras constantes que poderiam ser mencionadas aqui, como por exemplo a exata força da gravidade que permite a existência de estrelas menores (que suporta a vida) e estrelas maiores (que trabalham como fornalhas no Universo), a inteiração gravitacional entre a Lua e a Terra, a força centrifuga do movimento planetário, taxa de expansão do Universo, níveis de vapor da água na atmosfera, a rota atual de Júpiter, espessura da crosta terrestre, velocidade da rotação da Terra, a inclinação de 23° do eixo terrestre e muitas outras.

   O astrofísico Hugh Ross calculou no total 122 constantes necessárias para a vida na Terra e calculou qual seria a chance de um planeta como a Terra existir no Universo onde tudo é dirigido pelo acaso. Partindo da idéia de que existem 1022 planetas no Universo (um número bastante grande, ou seja, o número 1 seguido de 22 zeros), sua resposta é chocante: uma chance em 10138 — isto é, uma chance em 1 seguido de 138 zeros! Existem apenas 1070 átomos em todo o Universo. Com efeito, existe uma chance zero de que qualquer planeta no Universo possa ter condições favoráveis à vida que temos, a não ser que exista um Projetista inteligente por trás de tudo. (Ver o livro Why I Believe in Divine Creation, páginas 138-141).

   Vou terminar esse post com uma citação de um ateu que teve sua fé no naturalismo abalada por esse argumento. O astrônomo Fred Hoyle disse (verificar em: "The Universe: Past and Present Reflections", Engineering and Science (November 1981): 12

"Uma interpretação de bom senso dos fatos sugere que um superintelecto intrometeu-se na física, na química e na biologia e que não há forças ocultas e dignas de menção na natureza".

   Embora não mencione o que ele entende por super inteligência, fica obvio que ele sabe da necessidade de um projetista para a existência de vida na Terra.


   Isso prova que Deus existe? Obviamente que Deus passa a ser a melhor sugestão, ainda mais quando somamos com o Argumento Cosmológico apresentado anteriormente. Além disso mostra que nós vivemos em um universo onde a existência de um Deus é possível e ao mesmo tempo vemos que um universo guiado ao acaso não é capaz de fazer o que foi feito nesse Universo.

Leia também: O Fim do Ateísmo (1)

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