segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Fim do Ateísmo (1)

Resumo: Este artigo busca mostrar o Argumento Cosmológico e aplica-lo mostrando que uma visão teísta é muito superior diante das visões ateístas, panteístas ou pagãs.

Início

   Existem muitas versões do Argumento Cosmológico por ai. Esse que vou descrever se encontra no livro Não tenho fé suficiente para ser ateu, um livro básico que tanto ateus como cristãos que vivem no mundo do debate em torno do tema “Deus existe?” deveriam ler.

   O argumento tem duas premissas e chega a uma conclusão, conforme apresentado abaixo:

       1. Tudo o que teve um começo teve uma causa.
       2. O Universo teve um começo.
       3. Portanto o Universo teve uma causa.

   A primeira premissa pode ser facilmente defendida com a Lei da Causalidade, lei essa que é a base da ciência. Francis Bacon disse certa vez: “O verdadeiro conhecimento só é conhecido pelas causas.”.

   O que o cientista busca em suas pesquisas é descobrir as causas. Por exemplo, Newton descobriu e elaborou a Lei da Gravidade ao pesquisar o que havia causado a queda da maçã. O próprio Mito da Evolução elaborada por Darwin, defendida apaixonadamente por ateus, nada mais é do que uma tentativa de busca de causas. Segundo os evolucionistas a explicação de sermos como somos, passa por um processo darwinista.

   Veja que se você chegar a negar a essa premissa eu simplesmente poderia perguntar: “O que o levou a essa conclusão?”. E seja lá o que for a sua resposta, ela vai estar comprovando a própria premissa. Nem mesmo David Hume negaria esse ponto, pois ele mesmo afirma: “Nunca fiz a tão absurda proposição de que alguma coisa possa surgir sem uma causa “.

    Já a segunda premissa pode ser defendida por diversos pontos, entre eles nós temos a 2ª Lei da Termodinâmica, a Teoria do Big Bang, a Teoria da Relatividade de Einstein, a Geologia e o Argumento Cosmológico de Kalam.

2ª Lei da Termodinâmica

   A Termodinâmica é o estudo da matéria e energia e sua segunda lei diz que o Universo está ficando sem energia utilizável. Juntando com o que sabemos por causa da 1ª Lei da Termodinâmica (que o Universo possui uma quantidade finita de energia), podemos concluir que o Universo não poderia ser eterno, pois caso o fosse ele estaria sem energia.

   A ideia é semelhante a de um carro de tanque cheio em movimento, com o passar do tempo de rodagem o tanque vai esvaziando até que fique sem combustível nenhum e então o veículo simplesmente para.

   A 2ª Lei da Termodinâmica também é conhecida por ser a Lei da Entropia, pois ela também afirma que a natureza tem a tendência de fazer as coisas desordenarem. Isso nos faz questionar caso o Universo fosse eterno: “Por que existe ordem ainda hoje no universo?”

A Teoria do Big Bang

   Primeiro gostaria de lembrar que o argumento não depende desta teoria para se manter em pé, a 2ª Lei da Termodinâmica seria mais do que suficiente. Sei que muitos cristãos não concordam com a teoria em si, por causa de “uma explosão gerar ordem”, mas vale lembrar que nada impede que Deus tenha feito o Universo de um ponto que se expandiu rapidamente.

   Nos anos de 1920 Edwin Hubble descobriu que o Universo estava em expansão o que nos leva ao pensamento de que se pudéssemos “rebobinar a fita” veríamos a matéria retornando a um único ponto.

   Nos anos de 1965 dois grandes cientistas Arno Penzias e Robert Wilson descobriram por acidente um brilho avermelhado, ou a hoje conhecida Radiação Cósmica de Fundo, que teria como explicação de sua existência apenas o Big Bang.

   Para confirmar a Teoria do Big Bang deveríamos achar as ondulações da Radiação Cósmica de Fundo e no ano de 1898 a NASA enviou o satélite COBE justamente para procurar essas ondulações. O satélite obteve sucesso e mais, mostrou que a expansão é precisamente calculada de modo a proporcionar a existência de galáxias e não permitir o Universo desmoronar sobre si.

A Teoria da Relatividade de Einstein

   Albert Einstein possuía uma crença de um deus panteísta. Dentro do panteísmo, uma crença base é de que o Universo é eterno, o Universo e Deus são as mesmas pessoas. Por isso quando Einstein ao descobrir a Teoria da Relatividade comentou que isso foi “Irritante”, pois sua crença em um Universo Eterno foi abalada.

   A sua descoberta foi o fim da ideia do Universo ser Eterno. Só que Einstein foi ainda mais longe, pois segundo a sua descoberta, tempo, espaço e matéria estão correlacionados e um não existe sem outro.

A Geologia

   Esse é mais simples de explicar, mais fácil de visualizar. E vou explicar usando um exemplo bem conhecido.

   A matéria sofre transformação, por exemplo, o urânio se transforma em chumbo. Isso se chama decaimento radiativo e o processo do urânio para o chumbo poderia ser descrito da seguinte maneira:

   O isótopo Urânio (U– 238) é desintegrado quando seu núcleo se rompe. Na etapa inicial da reação é produzido Tório (Th-234), em seguida este também se desintegra produzindo Protactínio (Pa-234). A desintegração continua até completar 14 etapas e produzir o produto final: Chumbo (Pb-206). O Chumbo é estável e não se desintegra, o processo é então finalizado.

   Se a matéria fosse eterna, então não teríamos mais o processo de decaimento radioativo.

Argumento Cosmológico de Kalam (eterno em árabe)

   O argumento aqui se apresenta também com duas premissas e uma conclusão.

       1. Um dia infinitos de dias não tem fim.
       2. Hoje é o dia final da história.
       3. Portanto não houve um número infinito de dias.

   Imagine o seguinte, para o dia de hoje chegar é preciso de um número finito de eventos, caso contrário o dia de hoje não pode chegar. Se há um número infinito de eventos no passado, o hoje não estaria ainda acontecendo e na verdade nunca chegaria.

Conclusão

   Com as duas premissas muito bem defendidas podemos então concluir que o Universo tem uma causa. Mas o que isso tem haver com Deus ou mesmo o ateísmo.

   Até não mencionei Deus e esse argumento também não prova Deus, mas ele deixa algumas evidências muito interessantes, evidências essas que são as características que podemos mensurar sobre a causa.

   Se matéria, tempo e espaço precisam existir simultaneamente (segundo a Teoria da Relatividade), então a causa do Universo é atemporal, imaterial e não-espacial.

   Essa causa simplesmente criou tudo o que conhecemos e no mínimo somos consequência de seu “poder”. Portanto essa causa é imaginavelmente poderosa, e porque não afirmar, onipotente.

   Possui um aspecto pessoal, afina decidiu transformar o nada em matéria, tempo e espaço. Além disso a beleza e a diversidade que encontramos no Universo das coisas criadas poderia também dizer que a causa é pelo menos criativo.

   Essas características não podem descrever plenamente o Deus bíblico, mas nenhuma das características encontradas da Causa Primeira, como alguns chamam, contradiz ao Deus da Bíblia, pelo contrário, parecem confirmar. Claro que podemos explorar outras características divinas na criação, mas aqui se encontra o limite deste argumento.


   Bem, você pode pensar, mas isso não prova a Deus. Claro que não, mas mostra que a ciência quando aplicada ao estudo do Universo esta mais próxima da visão teísta do que qualquer outra visão religiosa como o ateísmo ou panteísmo.

Intolerância é para os fracos

   Em um debate entre ateísmo, panteísmo e teísmo vamos nos deparar com uma situação em que vamos estar discutindo a verdade e se estamos ou somos tolerantes em relação a verdade. Afinal devo impor a verdade sobre os outros? Devo deixar um ateu viver em uma ilusão sabendo que o que ele vive não passa de uma mentira?

   Uma das primeiras coisas que observamos em relação as crenças é que elas são muitas vezes contraditórias, ou seja, ensinam coisas opostas. Espiritismo, cristianismo, catolicismo, budismo, hinduísmo e ateísmo possuem posições diferentes em relação ao que acontece após a morte. Com certeza nenhuma delas pode ser verdadeira sem que as outras estejam erradas.

   Hoje existe uma coisa chamada pluralismo religioso, uma crença dentro da sociedade em que afirma que todas as religiões são verdadeiras, o que não passa de uma tremenda bobagem. Se o ateu diz que a vida acaba com a morte e o espírita diz que ela continua em um plano diferente, obviamente os dois não podem estar certo, ou um ou outro, mas nunca os dois.

   Não sou a favor de uma intolerância religiosa e acredito com bons exemplos históricos que não há como impor uma posição religiosa sobre as pessoas e que o respeito entre todas as posições religiosas, mesmo as contrárias as suas crenças, deve ser respeitadas em um debate. Mas isso não significa que eu não possa negar a impossível noção de que todas as crenças sejam verdadeiras.

   Você já ouviu alguém afirmar que “não devemos questionar as crenças religiosas de uma pessoa”? Esse tipo de afirmação geralmente é em defesa de sua própria crença, mas esta afirmação também não deixa de ser uma outra crença a ser questionada. Um crente que afirma que as crenças não devem ser questionada é porque tem uma compreensão muito limitada. Por outro lado sempre incentivo meus amigos e membros de minha igreja a questionarem, principalmente as nossas próprias doutrinas. Costumo dizer que entre uma fé sem dúvidas e uma fé cheia de dúvidas, sempre fique com a segunda, ela vai ser muito boa principalmente se você gostar de pesquisar e ir atrás das respostas.

   Os pluralistas tem outro problema em sua crença, apesar de afirmarem que todas as crenças estão certas, eles vão contra qualquer doutrina ou crença absolutista. Por exemplo, que pluralista defenderia a crença que afirma que “todos os pluralistas vão para o inferno.”? Com certeza não acharia muitos simpatizantes.


   No fundo não existem pluralistas, todos nós temos posicionamento fundamentalistas, um ateu defende o ateísmo por acreditar que aquela posição é a correta, um cristão defende o cristianismo pelo mesmo motivo, assim como o mulçumano, hinduísta, budista, homossexual ou o católico. Todos temos posições e as defendemos, mas a questão é: Você esta disposto a mudar sua crença ao perceber que ela não pode ser verdadeira? É forte o suficiente para isso? Espero que sim.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Conversando com Shirley Rodrigues (2)

   Olá pessoal,

   Primeiramente gostaria de pedir desculpa a todos pela demora nos posts, mas como professor e final de ano a coisa fica muito apertada e o tempo que preciso para me dedicar acaba escorregando pelas minhas mãos. Mas vamos continuar o diálogo com a Shirley.

“Para comentar essa sua afirmação, começarei pela explicação que me pede sobre o que eu quis dizer com Deus não poder ser sobrenatural.
Nesse contexto, penso no termo natural como sendo origem.  Você propõe que nossa origem seja Deus. Então, o estado natural deveria ser Deus. Se o estado natural seria Deus, ele não poderia ser sobrenatural.”

   Não vou discordar de você, para mim seria Deus não ser sobrenatural, na verdade deveríamos entendê-Lo com maior naturalidade, porém quando falamos de ciência, restritos aos campos da biologia, química e física, a hipótese Deus é descartada.

   Um exemplo disso foi expressa pelo juiz Jones do caso Kitzmiller versus Distrito Escolar de Dover onde foi pronunciado:

“(...) a ciência tem se limitado à pesquisa das causas naturais para explicar fenômenos naturais. [...] O naturalismo metodológico é uma ‘regra básica’ da ciência da atualidade, exigindo que cientistas busquem explicações no mundo ao nosso redor baseando-se naquilo que podemos observar, testar, replicar e verificar.”

   A questão é: Se Deus é o criador de tudo o que conhecemos, incluindo as leis da natureza, seleção natural, tempo e tudo mais que existe, como vou observar, testar, replicar e verificar a Deus? Deus é o Criador do Universo e ão parte do Universo, então não tenho como estudar a Deus usando uma metodologia naturalista.

   Para deixar ainda mais claro o que quero dizer com naturalismo aqui está seu significado retirado de um dicionário: “Teoria filosófica sobre a existência única da natureza. Os naturalistas negam a existência de Deus, de anjos e demônios, e são céticos em relação à possibilidade de vida após a morte.”

Meditei a respeito do termo ‘fé’. Cheguei à conclusão que não se aplica a mim. Embora até o momento a TE faça um sentido razoável como explicadora da origem das espécies, não tenho confiança absoluta nela. Não temos elementos suficientes que permitam estabelecer a TE como uma verdade, como um fato. No tocante à origem daquilo que denominamos Universo, vejo a teoria do Big Bang como uma possibilidade de explicação. Portanto, do meu ponto de vista, a coisa mais lógica é concluir que não estamos em condições de fazer afirmações peremptórias a respeito de nossas origens. 

   O termo “fé” é um termo religioso e por isso vou colocar aqui rapidamente o que significa fé para um cristão: “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a convicção de fatos que se não veem,” (Hebreus 11:1)

   Veja que fé não é alguma coisa sem evidência, John Lennox em um debate com Richard Dawkins explicou bem a questão do que é fé perguntando ao Dawkins como ele poderia ter certeza que sua esposa o amava?

   Um outro exemplo do que seria fé poderia ser demonstrado da seguinte maneira. Se um policial ao me encontrar afirmasse que minha esposa esta presa por ter cometido uma série de assassinatos eu diria que ele esta errado e que minha esposa é inocente, sem ter nada a provar, mas pelo convívio que tive com ela sei que jamais faria algo assim.

   Nesse sentido todos nós temos fé, mas poderia ir ainda mais longe. Pois quando tratamos de questões como: “De onde viemos? Quem somos? Por que estamos aqui? Como devemos viver? Para onde vamos?” As respostas que dará a cada uma destas questões é uma resposta de fé e todas elas vão estar vinculadas com a sua cosmovisão do mundo.

   Inclusive a afirmação de “que não estamos em condições de fazer afirmações peremptórias a respeito de nossas origens” é uma afirmação de fé, pois você só estaria considerando a biologia, física e a química como detentoras de dar respostas verdadeiras descartando totalmente campos como a filosofia e a teologia.

A ideia do criador, seja aquele em que você acredita, seja outro tipo traz consigo a questão das origens desse hipotético criador, num loop interminável.
A hipótese do ser eterno não é explicação adequada por não termos condições de comprová-la e o critério da antiguidade da afirmação não é válido. Seria possível começar a considerar a validade desta afirmação apenas ‘se’ e somente ‘se’ desde o princípio dos registros arqueológicos fosse constante a afirmação de que existe um único ser criador e que ele seria eterno. Poderíamos considerar que uma tal afirmação, constante e invariável, pudesse ter sido oriunda de um conhecimento privilegiado.

   Vamos lá, quando me utilizei do argumento cosmológico citei a Teoria da Relatividade de Einstein para sustentar uma das premissas, porém com essa teoria poderíamos ir ainda mais longe. Einstein diz que matéria, espaço e tempo passaram a existir simultaneamente. Portanto, como todo bom físico reconhece, não existia tempo antes do universo. Portanto um loop infinito onde não existe tempo é inviável, portanto o que quer que tenha dado origem ao universo é atemporal, traduzido eterno, pelo simples fato da causa do Universo não estar preso, como nós, ao tempo.

   Esso é uma informação que coincide com a mesma descrita sobre o Criador  descrito na Bíblia. E por fim, ainda que existe algo como um tempo imaginário, como Stephen Hawk sugeriu, ainda que tenha admitido que isso é só na imaginação, e nesse tempo imaginário alguém tenha dado origem a Deus, isso não descarta Deus como criador do Universo. Seria como dizer que Henry Ford não inventou o carro porque ele tinha pais, e seus pais outros pais e assim seguisse até a primeira vida e avançasse para as forças naturais que deram origem a tudo.

A impossibilidade da existência do deus em que você acredita está nos termos que o descrevem. Digamos que a teoria nunca é verificada na prática.
Um ser perfeito gerando imperfeição resume bem a essência do meu pensamento, já que entendo ser impossível isso. A menos que você seja diferente dos demais, não me surpreenderia vê-lo argumentando em favor do livre arbítrio caso em que me antecipo expondo o fato de que esse livre arbítrio muitas e muitas vezes não chega a ter oportunidade de ser exercido e considerando apenas o ser humano. Há imperfeições também no meio que teria sido criado para nos abrigar

   Aqui esta uma falácia costumeira. Você se coloca na posição de Deus assumindo que no seu caso nunca deixaria a imperfeição entrar na criação. Assumindo que Deus é onipotente e onisciente e permitiu que o pecado (imperfeição) entrasse no Universo, isso pode significar que deve existir um propósito para isso e não uma impossibilidade. Propósito esse que poderia ser elevado demais para entendermos em sua plenitude, mas ainda assim poderia ser compreensível e racional para nós, seres humanos.

   A Bíblia não fala que o nosso meio é perfeito, pois após o pecado entrar na criação, tudo foi contaminado pelo pecado. E o que seria o pecado? Biblicamente a separação entre a criatura e Deus. Um lapso, causado esse não por Deus mas pelo homem. Deus esta feliz com isso? Ele é apenas um espectador do nosso mundo? Não, decidiu arrumar a casa e por isso veio em forma humana... mas ai vamos começar a entrar em doutrinas e precisaria detalhar mais ainda... devo fazer sso em um post futuro apenas com esse tema.

Sobre a diferenciação que você faz relativamente ao deus em que acredita o que posso dizer? Os católicos terão o mesmo argumento, igualmente as Testemunhas de Jeová, os mórmons, os batistas etc.,etc.

   Ok, mas eles que defendam o deus deles, O Deus da Bíblia, que condiz com a realidade que vivemos, esse eu defendo e mais, digo que Ele é a única explicação plausível para o Universo, claro que para isso vou usar muito e muitos posts.

Eu penso que se houvesse mesmo um ser criador tal como descrito na religião cristã, a coisa mais lógica seria ele ter se manifestado de maneira a que não existissem tantas “interpretações”. Aliás, isso entra em conflito direto com a alegação de que ele não apenas teria o senso de justiça, mas seria a própria. 

   Poderia ser essa uma saída, mas tiraria de nós o direito de crer nEle. E seja como você preferir acreditar, vale lembrar que Ele decidiu não utilizar-se desse recurso (por enquanto) e que Ele esta disposto a usar o homem em uma obra de quatro mãos para a salvação da humanidade.

   Sei que existem muitas interpretações e infelizmente isso vem mais por problemas (ideias) pessoais do que a interpretação bíblica propriamente dita. Se pegar um bom manual de hermenêutica bíblica e usar dois princípios básicos (Toda a Bíblia e Somente a Bíblia) tenho certeza de que vai ver que não existem tantas interpretações assim e pelo contrário, há muitas tradições humanas por ai.

Pensei que tinha esclarecido que não tenho preconceito em que religiosos façam ciência. As primeiras universidades surgiram sob a égide da igreja católica. O ponto não é esse.

É afirmar que descobertas cientificas podem provar a existência de Deus.

A essência da ciência é fazer perguntas e aceitar o engano, o erro. A assertiva “Deus existe”, para quem a aceita, não admite engano.

   Assim como você, também acredito ser impossível provar a Deus cientificamente, pois existe uma limitação dentro da ciência (me referindo apenas à biologia, física e química). Mas a afirmação final que você faz ai (em cima) pode ser usada pelos dois lados.

EX: “A essência da ciência é fazer perguntas e aceitar o engano, o erro. A assertiva ‘Deus não existe’, para quem aceita, não admite engano.”

   Aqui para mim esta o maior problema dentro do campo da ciência, aceitar apenas uma das posições como verdadeira e ver o resto como errado. Dawkins é ateu, vai fazer interpretações de dados como qualquer ateu faria. Stephen Meyer é adepto da Teoria do Design Inteligente, e vai interpretar como todo “teleologo” interpretaria. Já o Marcos Erbelin é criacionista e vai interpretar os dados científicos sob a ótica divina. Porém um não é mais cientista que o outro e todos merecem respeito, mas o contrário do que a ciência realmente é, alguns cientistas dizem que o que não for interpretado segundo a filosofia naturalista não é ciência, como se esses “cientistas” pudessem de fato dizer o que é ou não é ciência.


Suponha que em algum momento no futuro a Teoria Quântica e a Teoria da Relatividade Geral sejam invalidadas por outras descobertas. Pois bem. Michael Keller recebeu um prêmio por afirmar que tais teorias servem para provar a existência de Deus.

Haveria fortes resistências em se aceitar que as teorias estavam erradas, mas no fim seria aceito. Já aconteceu muitas vezes antes. 

O que aconteceria com a existência de Deus ‘comprovada’ pelas teorias?

   Ainda que sejam tidas como erradas as teorias acima mencionadas, isso provaria que Deus não existe. Não! A maior evidência da existência de Deus é a própria ciência existir.

   Eu não creio em um Deus que a ciência poderia explicar ou provar, mas creio em um Deus que explica o por que da ciência conseguir explicar alguma coisa. Albert Einstein disse: “A coisa mais incompreensível acerca do Universo é que ele é compreensível.”

Se fosse descoberto e comprovado que Deus existe, ou algum outro criador, somente os fanáticos se recusariam a que isso fosse publicado, mas fanáticos de qualquer causa, por óbvio, têm a própria crença, sendo ateus das demais. 

O seu “ateu com fé no naturalismo’ fazendo ciência não existe. O que existe são cientistas fazendo uso daquilo que pode ser mensurado, testado, falseado, vale dizer, os objetos da natureza. Deus pode ser mensurado, testado, falseado? É então um exercício de inutilidade acusar um cientista de não investigar o que não cabe nessas condições.

   Quando um cientista encontra algo como o olho e o estuda, ele observa que cada parte o olho é necessária para ele funcionar, isso é o que alguns “pseudo-cientistas” como alguns ateus gostam de chamar, de algo complexo e irredutível, o que presume inteligência, mas para manter a hipótese da evolução viva, cientistas gastam milhões para tentar explicar como em passos lentos isso poderia ter acontecido, porém sem provar que tenha de fato acontecido daquele jeito.

   Mas a mencionar que existe uma inteligência por trás dos seres vivos é tido como falso. Então cientistas com a fé no naturalismo lutam para manter uma única interpretação como “científica”, o que é uma piada de mal gosto.


   Ciência é a busca pela verdade. Seja ela Deus, Shiva, Zeus ou o naturalismo, todos devem ter seu status como cientistas e ter suas interpretações ouvidas. Se por acaso uma for achada em erro, deveria ser descartada (sabemos que não é Zeus que faz os trovões), mas até lá um mínimo de respeito dentro dos “campus” deveria ser respeitado.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Conversando com Shirley Rodrigues

   Uma das coisas mais gostosas na internet é a conversa e o desafio que podemos encontrar, mas o dialogo, o debate junto com o respeito é uma maravilha.

   Em meu ultimo post, um comentário/resposta a um artigo postado pela Shirley eu obtive uma resposta da própria autora que me honrou com uma resposta aqui no blog, mas longo demais para uma resposta simples, por isso vou começar aqui e vamos até onde for possível esse diálogo.

   Observações:
Caso você não tenha lido o post original você pode/deve ler, clique aqui.
O Post original era voltado para o público cristão com a intenção de apresentar respostas ao que foi apresentado no texto, já que muito dele se vê por ai Porém esse post vai ser mais focado no público ateu.

Vamos começar.

 “Achei interessante seu comentário, embora discorde de quase tudo que você escreveu.”

   Primeiramente obrigado por ter lido, o direito de discordar é justo, mas vamos ver até onde vamos no decorrer do texto.

“Começo pela questão da percepção de ‘anormal’. Sendo uma vivência pessoal, sei bem do que falo e quando é o caso, posso distinguir entre ser vista como incomum ou anormal, considerando que lido com a percepção das pessoas sobre minha forma de pensar desde que tinha uns dez anos.”

   Concordo com a sensação, não creio que seja esse aqui um ponto de discussão, mas em uma olhada rápida no dicionário vai observar que incomum é “aquilo que não é comum ou normal”. Se houve um erro foi apenas semântico.

“Entendo que para você seja muito difícil, senão impossível, assimilar a existência de alguém que não creia em nada, mesmo levando em conta questões de semântica.”

   Continuo a discordar de você, talvez não tenha deixado explicito, por exemplo, não acredito que o naturalismo possa explicar tudo, por outro lado você acredita, você crer nisso, você tem fé no naturalismo. Quando digo fé uso o termo da maneira descrita na própria Bíblia, “certeza daquilo que não vemos”. Assim como não posso provar que Deus criou a vida na Terra, ninguém pode provar como o acaso + tempo + lei da física, química e biologia formou a primeira vida. Existem hipóteses e mais nada.

“A maioria das pessoas pensa em termos de ‘crer’, eu penso em termos de possibilidades e probabilidades. A questão com o ateísmo, sob o ponto de vista dos crentes é compreensível. Dado que o crente acredita em um deus criando coisas e seres e dispondo sobre existências, é sob essa ótica que sua mente enxerga tudo.”

   Não, na verdade vejo muitas probabilidades também. Por exemplo, as chances do primeiro RNA ser formado pela natureza em uma sequencia são de 1 contra 10 elevado à 158, ou seja, um zero absoluto. Como assim? A matemática diz que qualquer coisas que a probabilidade que seja maior do que 1 contra 10 elevado à 50 é impossível. Mas como existe uma impossibilidade da certos “cientistas” aceitarem a impossibilidade do naturalismo, eles lutam contra a melhor das probabilidades, alguém inteligente guiando o surgimento da vida. Por fim, nesse quesito fica muito claro que u ateu precisa de uma fé muito maior que um “crente”.

“Como ateia, posso dizer que a partir do momento em que se provasse a existência de algum ser criador, não teria qualquer problema em aceitar o fato. Não costumo brigar com fatos. Ser ateu não é uma questão de má vontade, de frustrações, ou coisas similares. É uma questão de as coisas atenderem a uma especifidade de sentido. Ocorre que de acordo com meu entendimento, a existência do deus no qual você acredita é impossível de acordo com aquilo que a ele se atribui.”

   Não tenho muito o que falar desse paragrafo, a não ser lhe cumprimentar por ser uma adepta ao dialogo e saber que em um debate podemos mudar nossa posição, as vezes não totalmente, diria que pelo menos ajustar a novos argumentos

   Como você não especificou as dificuldades que você mesma têm para acreditar em Deus é difícil acrescentar algo, porém gostaria de chamar a sua atenção para um detalhe. Não trate um “crente” de maneira geral. O Deus que eu acredito é o Deus bíblico e esse Deus é muito diferente do Deus católico que pune pessoas no inferno e no purgatório. Também é diferente do Deus pentecostal que se preocupa demais com cumprimento de saia, cabelo e faz na igreja aquela confusão (gritaria) por causa do “dom de línguas”.

   Aceito o meu Deus por tudo que li, pesquisei e observei condizer com a realidade. Se eu achar alguma coisa que explique a realidade que vivemos melhor que o Deus bíblico estarei disposto a mudar minha posição.

“Antes de continuar, ressalto que quando digo ‘meu entendimento’, significa só isso mesmo, meu entendimento. Não estou pretendendo estabelecer nenhuma verdade absoluta e universal.”

   Existe algo em filosofia que chamamos ignorância e vamos ser bem claros que ninguém sabe tudo sobre tudo, por isso todos somos ignorantes em determinada área de conhecimento, quando somos ignorantes em um determinado tema o silêncio é sabedoria. O nosso entendimento sem uma boa base pode causar problemas. Por exemplo, muito cristão tenta argumentar que a teoria da evolução não consegue explicar a origem da vida. Isso é ignorância pura, já que a Teoria da Evolução começa quando a primeira vida já esta presente. Ao manifestar nossa opinião, mesmo que não seja uma verdade absoluta ela deve ter uma boa base para não se complicar.

“Quando escrevo sobre fé, deus, religião, não o faço com a intenção da militância, embora as pessoas entendam assim. É a forma que encontrei de expressar uma perplexidade que me acompanha desde sempre.”

   O que é bom, faz com que diálogos seja abertos.

“Até posso entender a necessidade, ou as necessidades que levam á crença, mas ao mesmo tempo não consigo alcançar como é possível a admissão de veracidade do objeto da crença. E fica ainda mais difícil para mim quando alguém fala em evidências da existência de algum deus em particular.
Ou quando alguém ligado à ciência pretende que está demonstrando tais evidências, por que na verdade não está. Sob qualquer acepção da palavra evidência não está, muito menos quando a pessoa afirma estar munida dos instrumentos e procedimentos da ciência.”

   Aqui eu vejo um preconceito típico ateu. Se fala de Deus, inteligência ou qualquer coisa que dê crédito a um determinada religião, então isso não é ciência. A questão é: quem são os naturalistas (evolucionistas ateus, darwinistas ou humanistas) para afirmar o que é ciência ou não e qual é o instrumento correto ou não.

   Ainda mais quando falamos da biologia histórica, ou seja, o estudo do que aconteceu lá no passado. Não existe uma única prova de uma espécie ter gerado outra espécie. Os tentilhões de Darwin podem ter bicos diferente, mas adivinha, continuam sendo tentilhões. Os pombos, por mais misturas que Darwin fez, continuaram a ser pombos. Na verdade não existe um único exemplo de mutação genética onde uma nova informação genética tenha surgido.

   Por que hipóteses sem provas de um lado podem ser aceitas e do outro não, mesmo que a matemática favoreça o lado “crente” da história?

“Eu não tenho preconceito sobre religiosos praticando ciência, desde que se faça a separação entre fé e ciência, porque a primeira parte de uma verdade que se quer absoluta e a segunda parte da dúvida. São coisas inconciliáveis.Então se um padre vai fazer ciência, faça ciência. Reserve a religiosidade e a fé para o momento e lugar apropriado.”

   Vou repetir o seu paragrafo com algumas mudanças que estarão em negrito para entender o que eu falei antes.

Eu não tenho preconceito sobre ateus praticando ciência, desde que se faça a separação entre fé no naturalismo e ciência, porque a primeira parte de uma verdade que quer ser absoluta e a segunda parte da dúvida. São coisas inconciliáveis.

   Seguindo esse raciocínio gostaria de levantar a bandeira de que teoria da evolução não é ciência é fé e portanto deveria ficar fora das aulas de ciências e ser ensinada em algum fórum de ateus.

“Então se um padre vai fazer ciência, faça ciência. Reserve a religiosidade e a fé para o momento e lugar apropriado.”

   Amém

“O problema com um cristão fundamentalista patrocinando pesquisas com o objetivo de provar a existência de Deus é que em momento nenhum será admitido qualquer resultado que leve á não existência; explicando melhor, se alguma coisa levasse à indicação de que Deus não existe e essa coisa fosse aceita, estaria perdida a razão da fé.”

   E será que o mesmo não vale para o naturalista fundamentalista? Será que se descobrissem que o mundo foi criado, publicariam a pesquisa? Aqui não há evidências, apenas “se” e você se colocando no lugar do fundamentalista cristão e dizendo o que você faria se fosse ele.

“Noto de há muito uma tendência à generalização por parte do crente quando fala de ateus. Entre vocês parece haver uma admissão tácita de que todo ateu tem Richard Dawkins como uma espécie de profeta, eu realmente fico impressionada com essa constância.”

   Diferente do cristianismo que tem um Bíblia, líderes religiosos, sites dizendo exatamente no que acreditamos, os ateus não possuem nada, mas o Richard Dawkins produziu e ainda produz muito material e entre os ateus e principalmente do movimento militante dos ateus, ele é o que mais se destaca, portanto é normal usa-lo. Mas vocês também fazem o mesmo citando muito Willian Lane Craig, quando boa parte dos argumentos que ele usa vem de outros pensadores como Debinsk, Norman Geisler ou mesmo Michael Behe.

“Três coisas sobre Dawkins. Até o presente momento li apenas um livro dele, The Ancestor’s tale, traduzido como A grande história da evolução.
Não me sinto à vontade com a forma como Dawkins se posiciona sobre a religião. A insistência e a hostilidade dele me fazem pensar em fanatismo e não gosto de fanatismo.
 “E por último, Dawkins é apenas um ser humano. Ainda não existiu, penso eu, um único ser humano á prova de erros.”

   Você esqueceu de citar péssimo filósofo. Mas foi esse aspecto de Dawkins que abriu o ateísmo para o mundo e também ele teve um papel muito importante ao esquentar o debate Deus x Religião, TDI x Evolução e outras mais. Mas reconheço que ele como homem não pode representar um povo e até sugeria uma campanha “Dawkins não me representa”.

   E quanto o homem sem falhas existiu apenas um.

A pergunta sobre a origem do Universo é perfeitamente cabível e em nenhum momento sequer insinuei que defendia o contrário disso.

“Sua versão diz que foi Deus e você fundamenta essa versão afirmando que tudo que vem a ser tem uma causa, bem assim e necessariamente o Universo.Ora, se tudo deve ter uma causa e uma origem, Deus igualmente, ou “tudo” não será tudo. E exatamente nesse ponto a crença sai dos limites do razoável, já que não admite esse raciocínio. Tudo precisa de uma causa para existir, tudo precisa ter tido uma origem, mas não Deus. Ele simplesmente é. Mas em que é sustentada essa afirmação? “ “Única e exclusivamente nas afirmações da pessoa crente. Não há ninguém capaz de embasar essa afirmação em fatos concretos. É apenas matéria de fé.É por isso que ciência e fé não devem ser misturadas.”

   Você distorceu o meu argumento para me pegar em uma armadilha de raciocínio. O argumento diz que tudo o que passa a existir tem que ter uma causa. Mas nunca um cristão disse que Deus teve uma origem? Pelo contrário, muito antes da Lei da Causalidade ser formulada, a mais ou menos 3600 anos atrás, o Deus bíblico já era qualificado como eterno.

   Agora se você quer que eu responda quem Deus origem a Deus, mesmo afirmando a 3600 anos que Deus é eterno, você deveria apresentar argumentos sólidos para afirmar que em algum tempo (quando o tempo ainda não existia) Deus passou a existir.

   Por fim, terminei meu argumento dizendo que não provava a Deus, mas que a causa que deu origem ao Universo tinha atributos iguais ao do Deus bíblico.

“Veja essa sua afirmação “(...)o peso ainda esta do lado sobrenatural.” Querendo dizer que há mais sentido pensar em Deus existindo e tendo criado tudo do que o contrário. Desculpe mas essa afirmação carece de lógica elementar. Admitindo que fôssemos criação de Deus, a natureza estaria, de saída nele, não em nós. Então porque ele deveria ser “sobrenatural”?“

   Como afirmei acima e apresentei bons argumentos e respondi aquilo que me foi apresentado, obviamente apresentando que algo não-naturalista (não afirmo Deus, pelo menos não nesse momento do argumento) é uma explicação melhor do que a versão naturalista.

   Agora uma dúvida minha, não entendi o que você quer dizer com: “Admitindo que fôssemos criação de Deus, a natureza estaria, de saída nele, não em nós. Então porque ele deveria ser “sobrenatural”?”

“Essa visão de Deus como ente sobrenatural bem pode ser uma dissociação inconsciente do cérebro sobre as coisas que são possíveis e as que não são.”

   Como também pode ser apenas Deus. Como (novamente ele) Dawkins afirma: “tem aparência de planejado, mas não foi”. E quando trato Deus como sobrenatural é porque coisas como surgimento de vida não acontecem de forma natural, então precisa de um agente sobrenatural.

“Em tempo, a reportagem estava numa revista IstoÉ. Não sei qual a edição, infelizmente.”

   Uma pena, mas vindo da revita IstoÉ, ou suas amigas Veja e Época, títulos são apenas chamariz. Depois vou ver se encontro o artigo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

[COMENTÁRIO] Não sou um elefante, mas incomodo muita gente

   Este texto é uma resposta a um post de Shirley S. R., que encontrei em um site ateu. Recomendo que leia o artigo original na integra clicando aqui, somente depois leia o comentário que estarei escrevendo abaixo.

  Primeiramente gostaria de dizer que não conheço pessoalmente a autora, não tenho nada contra ela e também nada a favor, não é sobre ela que quero falar mas do texto que ela escreve e claro, os seus pensamentos que ficaram ali registrados.

   Ela começa sua dissertação com uma afirmação, “Eu sou ateia.” Isso é bom, pois ela não esconde sua crença (ou a falta dela) e já mostra que linha de pensamento o texto vai estar escrito. Quando o autor(a) apresenta sua posição no início isso já ajuda a refletir no texto sob a ótica da pessoa. Portanto a primeira vez que li o texto busquei fazê-lo sob uma perspectiva ateísta e depois li como cristão refutando mentalmente os “argumentos” ali apresentados.

“Por alguma razão que me foge à compreensão, as pessoas crentes acham muito Anormal que uma mulher – e mãe, ainda por cima – não comungue de algum tipo de crença.” 

    Eu não diria que exista aqui uma anormalidade, mas é de fato muito incomum no Brasil encontrar uma pessoa que não possua uma crença, e a autora aqui possui uma, como abaixo explicarei. Se encontrar um ateu declarado no Brasil já é difícil, uma mulher é ainda mais difícil, por exemplo, na Igreja Adventista a nível mundial a membresia é formada por 70% de mulheres. Essa realidade até onde eu conheça no Brasil, é proporcional em todas as denominações. Seria muito interessante se os ateus o Brasil fizessem uma pesquisa para averiguar em suas fileiras a proporção de homens e mulheres. Porém quero deixar registrado que encontrar uma mulher professa ateia é sim um tanto estranho, não impossível e a Shirley esta para provar isso, mas de fato algo raro.

“Pelo visto, é aceitável que eu creia em qualquer coisa, siga qualquer tipo de religião. Espiritismo, umbanda, seicho no ie, budismo, hinduísmo, esoterismo, qualquer ismo, só não vale o ateísmo.”

   Não diria aceitável, mas normal, pois é normal no Brasil crer em alguma coisa, o ateísmo é uma dessas coisas, porém “nova” em nossa cultura. Faz inclusive pouco tempo que veio a campanha “Mostre Sua Cara” entre os ateus no Youtube. Com o tempo creio que vai ser “normal” ouvir que uma pessoa não creia em nada, embora obviamente isso de fato não exista.

No devido tempo desistiram, não sem antes vaticinar que encontrarei Deus no momento oportuno, ou declarar que embora eu não acredite nele, ele acredita em mim.”

   Com um olhar ateu imagino que frases do tipo “encontrará Deus no tempo oportuno” ou “Ele acredita em você” devem soar mais ou menos como... blá, blá, blá... Mas isso não difere muito quando um cristão também ouve que “Deus morreu!” como disse Nietsche. Ou asneiras como “múltiplos-universos” como Dawkins gosta de falar para fugir da pergunta sobre os princípios antrópicos.
                                          
“Alguns outros se enfurecem comigo.”

   Isso aqui é algo imperdoável por parte dos cristãos. Um ateu não tem a obrigação de representar um Deus de amor e perdão, e por mais que um ateu provoque não cabe a nós ficarmos “possuídos” por um sentimento de raiva e o motivo é simples. Negar a Deus não é a mesma coisa que me negar. Se alguém tem um problema com Deus ou mesmo não acreditar em Deus, você como cristão deve saber que um dia odos seremos colocados diante de Deus, portanto deixe que Deus resolva os problemas dEle, isso não é papel do cristão, e não seria a primeira vez que eu pediria desculpa a alguém por erro de outro cristão.

Um tempo atrás alguém veio me mostrar uma reportagem cujo título era categórico: “Cientista prova a existência de Deus e ganha prêmio”. Lida a reportagem, descubro que o cientista é também padre e teólogo; e que o prêmio foi dado pela Fundação Templeton. A pessoa que me trouxe a reportagem veio com a convicção de que definitivamente me calava a boca.

   Aqui existem várias coisas a ser dita. Primeiro, é impossível provar a existência de Deus, principalmente se a metodologia for empírica, pois quando falamos do Deus bíblico estamos falando de Alguém que criou o Universo e todas as suas leis. A questão é: Como provar algo que esta fora do Universo, quando tudo o que conhecemos é o Universo?

   Não existe metodologia para isso e muito menos provas. O que temos e em grande escala são evidências. Mas o título “Cientista prova a existência de Deus” é chamativo apenas para atrair audiência e títulos com essa natureza você observa aos montes e nos mais diversos campos.

   Aqui agora existe um grande deslize da autora, preconceito, o cientista por ser teólogo e padre parece ser incapaz aos olhos da Shirley de produzir ciência. Esse mesmo argumento poderia ser usado para qualquer um. Por exemplo: “Cientista prova, Deus não existe”. Então vejo que o autor é Richard Dawkins e faço a observação. “Ele é evolucionista e biólogo, logo só poderia vir asneira.” Então vou olhar a fundação e vejo que ela é mais uma das tantas outras comprometidas com o naturalismo filosófico.

   Em ciência não importa quem pesquisou ou quem publicou o que importa é o conhecimento adquirido, o resto é o resto. Descriminar um artigo pela pessoa que o escreveu pelo pesquisador ou por quem a premiou é uma grande falácia e nenhum artigo sobreviveria a isso.

Minha reação foi dar risada, pois tudo – a reportagem, a “metodologia” usada pelo padre cientista, a fundação que pagou o prêmio, a presunção ingênua da tal pessoa – me pareceu de uma imaturidade sem par e, ao mesmo tempo, oportunista.

   Como não sei do artigo em si, não tenho muito que falar da metodologia que foi usada, mas se os critérios forem os mesmo usados para depreciar o artigo em si, seria por enquanto mais justo pensar que a autora esta errada do que certa sobre os questionamentos por ela levantado, se um dia puder me apresentar o artigo gostaria muito de ler e poder responder a altura.

   Mas aqui também percebemos o preconceito contrário ao que os ateus tanto acusam os crentes. Por ser um cristão o crente não pode ser cientista, por outro lado eu posso ser um adepto do naturalismo, evolucionismo, darwinismo, humanismo e outros ismos mais, mas alguns outros como o cristianismo parece ser proibido.

   Eu devo, e de fato aceito, que pesquisas feitas por naturalistas e suas interpretações seja publicadas e analisadas, mas quando o outro lado pesquisa e publica, o ateu tem todo o direito de dizer que isso não é ciência, como se alguém pudesse dizer o que é ou não é ciência e determinar o que a pode ou não dizer.

“cujo dirigente é um cristão evangélico fundamentalista”

   Agora outra gafe. Mostrando um fundamentalismo ateu até esse momento, com preconceitos típicos do ateísmo, e o cristão que é o fundamentalista!?

   Segundo o dicionário fundamentalismo é: o nome dado a movimentos, cujos adeptos mantém estrita aderência aos princípios fundamentais, ou vigentes na fundação do determinado grupo

   Não que eu discorde do fundamentalismo cristão, pois eu sou fundamentalista, mas dizer que fundamentalismo é um aspecto negativo é no mínimo estranho, já que todos somos fundamentalistas em nossas posições. O problema é se eu sou uma pessoa com a cabeça aberta para ouvir o outro lado do debate ou não, se me coloco na posição de ir para onde o argumento me levar ou não.

   Sendo franco, existem muitos cristãos “cabeça fechada”, mas eu não diria que o número de ateus, na devida proporção, seja diferente.

“no meu entendimento, não é para ser considerado sob nenhum aspecto científico”.

   Novamente ressaltando que não li o artigo pela autora citado, mas o problema é que "no meu entendimento” eu faço o que quero com qualquer área do conhecimento. Cada ramo da ciência tem sua metodologia (por ciência digo campos de conhecimento que vai de física a filosofia, biologia a teologia, química a engenharia) e uma vez que é respeitado não depende de mim ou de qualquer outra pessoa ser ou não ciência a pesquisa feita por alguém.

Se não é de causar espécie que um padre faça ciência – afinal não é exagero dizer que a genética começou com Gregor Mendel, monge, e foi outro padre, Georges Lemaître, quem primeiro propôs a teoria do Big Bang – nem por isso é aceitável que um padre, cosmólogo, se aproveite das lacunas das teorias científicas para enfiar Deus no meio, mesmo que movido pela tentativa sincera.
Pois não foi outra coisa que o padre cientista fez. Valendo-se da teoria do Big Bang e da Física Quântica, Michael Keller, conceituado cientista da Cosmologia, simplesmente disse que, na ausência de conhecimento sobre o que haveria anteriormente ao evento do início do Universo, a única conclusão possível é que o que havia era Deus e o raciocínio é aquele já muito batido: só podemos concluir que algo existe aceitando que esse algo teve um criador.

   Não sei por que alguém concluiria como prova que a causa do universo seria Deus, mas eu diria que o que podemos saber sobre o que causou o Universo é algo que possui as mesmas características do Deus bíblico sim, vou explicar aqui rapidamente depois faço um post com o argumento completo e mis elaborado.

   O argumento cosmológico parte de duas premissas:

1. Tudo o que passa a existir tem uma causa
2. O universo teve início

Portanto: O universo tem uma causa.

A primeira premissa pode ser defendida simplesmente com a Lei da Causalidade, que é a base de toda a ciência. Você observa o relâmpago e estuda o que causa ele. Você observa a maçã caindo da árvore e estuda o que faz a maçã cair. Eliminar essa lei é acabar com a ciência.

A segunda premissa pode ser defendida por vários argumentos: Teoria da Relatividade de Einstein, Teoria do Big Bang, Geologia (decaimento dos materiais) e outros pontos mais.

   Uma vez que eu sei que o universo teve início sei que ele foi causado, mas pelo que? Será que essa pergunta não é científica? Por que não?

   Segundo Einstein matéria, espaço e tempo passaram a existir ao mesmo tempo, portanto a causa é imaterial, atemporal e não espacial. Sabemos também que tudo se transforma dentro do tempo. Como a causa é atemporal, ela é imutável. Além disso seja lá o que for que causou o universo, ela criou simplesmente tudo o que conhecemos a partir do nada. Portanto ela é infinitamente mais poderosa do que podemos imaginar. E essa causa tem o poder de decidir, pois decidiu transforar o nada em matéria, espaço e tempo.

   Poderia até falar sobre o aspecto artístico mostrando a beleza do universo e a inteligência por causa do perfeito funcionamento, mas teria que me alongar demais.

   As características citadas até então sobre a causa não provam que o causador do universo é Deus ou mais especificamente o Deus bíblico, mas que as características de ambos são muito semelhantes isso ninguém pode negar.


Eu não entendo nada de Física Quântica.

   Bem vinda ao mundo, somos vários.

O máximo que consegui absorver foi que os pesquisadores têm se debatido com a intrigante questão de que a matéria em nível subatômico pode se comportar como ondas e como partículas, e daí tem-se que a natureza é intrinsecamente indeterminista, ou por outra, não segue padrões esquematizados, estáticos, em nível subatômico. Aliás, foi discutindo essa questão que Einstein disse que “Deus não joga dados”, pois discordava dessa postulação.

   Muitos usam esse contra-argumento para acabar com o argumento cosmolégico. Embora a lei da causalidade fale também de determinismo, as duas coisas não são iguais. O fato de eu não determinar como substâncias subatômicas se movimentem (embora já se tenha ideia que ao tentarmos observar alteramos o movimento dos mesmos) isso não significa que um dia não poderemos determinar e principalmente, não significa que o movimentos um dia não possam ser determinados. Confundir determinismo com causalidade é o erro aqui apresentado.

Pois é. Não entendo nada desse assunto, mas sei com certeza de uma coisa: se há partículas se comportando como ondas e vice-versa, é porque isso é necessário à existência de tudo, sejamos nós, um pé de couve, o Universo.

   Vejam que essa conclusão pode ser feita por um crente da mesma forma. Por que? Mostra que alguém inteligente criou algo para que nós, um pé de couve e o Universo possamos existir.

Entender causas e interdependências é o que tem feito a humanidade progredir, das mais diversas formas, só que esse tem sido um processo longo, de resultados incertos e com vários espaços em branco. Então vemos cientistas religiosos usando os espaços em branco para colocar Deus como a explicação.

   Mentira, esses cientistas querem conciliar naturalismo com religiosidade, como criacionista sei que tudo, inclusive a seleção natural, fazem parte da obra de Deus. Lembrem-se que dentro do cristianismo existem duas alas, os conservadores e os liberais, e esses últimos sempre querendo arrumar alguma coisa para abrir dialogo com o secularismo de maneira geral.

Que percebo que o fato de ser ateia faz as pessoas automaticamente desqualificarem meu argumento, não pelos erros que possa conter, mas pela ausência da crença em alguma divindade. A ausência da crença é o erro. Ou, mais apropriadamente, demonstrar a ausência da crença.

   Já comentei isso acima, mas os ateus fazem o mesmo. A melhor solução seria ambos abrirem a mente dialogar e ver os melhores argumentos, mas se qualquer um dos lados tivessem uma prova definitiva saberíamos que esse tema não estaria mais em discussão. Como estamos falando do passado esse prova nunca virá. Mesmo que a vida seja criada em laboratório isso não significa que no passado ocorreu dessa maneira e nem o contrário. Mas por enquanto a vida não pode ser recriada por homem brilhantes em laboratórios muito mais sofisticados que qualquer cenário de Terra primitiva e mais uma vez o peso ainda esta do lado sobrenatural.

Vou continuar incomodando. Mais do que os elefantes.

Terminarei aqui pela falta de tempo e espaço, mas ao mesmo tempo que a autora afirma continuar incomodando ela por diversas vezes no texto se mostrou incomodada. Opiniões diferentes incomodam, isso não é exclusividade dos ateus, tem algumas duplas que caminham por ai que incomodam muito mais. Mas respeito todos merecem.