domingo, 30 de março de 2014

Baboseiras do ateísmo

   No post anterior (clique aqui) falei sobre a ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo e que historicamente falando, a melhor possibilidade de explicar os eventos históricos aceitos por uma grande maioria (não existe unanimidade em nada) seja um cristão conservador ou liberal, só pode ser a ressurreição de Jesus.

   Porém o ateísmo ainda tenta argumentar algo contrário, algo que poderia explicar os eventos históricos sem ser a própria ressurreição. Aqui vou expor alguns dos pensamentos que encontrei por ai, e se você é um ateu e tem alguma outra explicação para o que deveria ter acontecido em vez da ressurreição ficaria feliz em ver a sua teoria.

   A primeira teoria que vi internet a fora foi a TEORIA DA ALUCINAÇÃO, ou seja, foram enganados e de fato passaram a crer que Jesus havia ressuscitado.

   A falha fundamental aqui é o fato de diversas pessoas terem tido a mesma alucinação e terem visto Jesus em um período de quarenta dias repetidas vezes. Até onde sabemos não existe droga ou doença que tenha esse mesmo efeito, mas ainda que isso fosse verdade o problema não estaria resolvido.

   Eu diria que o problema crucial da teoria da alucinação é o túmulo vazio. Tudo o que as autoridades judaicas ou romanas precisariam fazer era apresentar o corpo de Jesus morto. O cristianismo teria sido visto apenas como uma farsa e ninguém estaria falando de Jesus nos dias de hoje.

   Para explicar o túmulo vazio alguns se valem da TEORIA DO ENGANO, que afirma que os discípulos podem ter cometido uma grave falha. Em vez de irem ao túmulo de Cristo eles erraram e foram em algum outro que estava vazio.

   Porém a teoria possui ainda erros que a desacreditariam até mesmo para uma criança. Por exemplo, mesmo que os discípulos erraram o túmulo de Cristo, parece que essa “amnésia” era contagiosa, pois tanto os líderes judeus e romanos parecem ter esquecido o local onde enterraram Jesus.

   Outra falha é que o túmulo vazio errado não explica as aparições de Cristo para pessoas diferentes e em momentos diferentes. Existe a necessidade não só de explicar o túmulo vazio como também às aparições de Jesus aos discípulos a ponto de deixa-los tão crentes que morreriam por essa visão.

   Outra fala encontrada para explicar a não ressurreição de Cristo é a TEORIA DO DESMAIO, isso mesmo que você entendeu. Jesus não morreu numa cruz, “apenas” desmaiou e foi enterrado por engano. O impressionante dessa teoria é que Jesus além de sobreviver a cruz, fugiu o túmulo e conseguiu convencer que havia ressuscitado.

   A falha começa na pressuposição de que tanto os discípulos, como os judeus e os romanos (excelentes executores) fizeram um mau juízo sobre a saúde de Cristo. Afinal passar pela surra, ter pregos rústicos pregados nos pés e nas mãos e ter uma lança enfiada na lateral do tronco na altura do coração não foram o suficiente para tê-Lo matado.

   O segundo erro é que Jesus foi embalsamado e ninguém percebeu que Ele estava vivo. O terceiro equívoco é pensar em uma maneira que Ele tenha se recuperado e sobrevivido a tudo o que passou em mais ou menos 36 horas em um túmulo escuro e úmido.

   Será que alguém imaginou que Jesus simplesmente tenha se levantado, empurrado a pedra para o lado, vencido uma luta contra a guarda romana que estava do lado de fora usando apenas a cabeça, já que mãos e pés estavam gravemente feridos e chegando nesse estado deplorável diante dos discípulos conseguiu convence-los de que havia ressuscitado?

   Um ateu mais que dizer o que aconteceu no lugar da ressurreição tem que dar mais do que teorias, deve falar algo que condiz com os eventos históricos sem a necessidade de forçar a imaginação a extremos como foi aqui apresentado pelas três principais teorias aqui apresentadas.


Abraços

quarta-feira, 26 de março de 2014

Jesus Ressuscitou?! Muito estranho!

   Você acredita que alguém possa de fato ressuscitar? A princípio eu diria que não. Quem me ensinou isso foi minha filha com quatro anos de idade. Toda vez que vou por minha filha para dormir conto alguma história da Bíblia, oramos e canto até ela dormir. Uma história que ela gosta muito é da ressurreição da filha de Jairo.

   Ano passado, uma amiga dela ganhou uma irmã que nasceu com problemas no coração, ela nunca saiu do hospital. Mas durante todo o período minha filha manteve-se forte e orava pela irmã da amiga. Mas o trágico dia chegou e de quando estava pondo a Amanda para dormir contei que o bebê havia morrido. Na oração ela pediu para que eu orasse pelo bebê já morto e então expliquei para minha filha que após a morte o destino do bebê já estava selado, agora nós precisávamos orar pela família para se manter forte diante da tragédia.

  Passou poucos dias e minha filha voltou a pedir oração pela falecida bebê. Minha esposa que estava pondo ela para dormir naquele momento iria iniciar uma explicação semelhante a minha, mas a  Amanda a interrompeu e perguntou: “Mamãe, se Jesus ressuscitou tantas pessoas, Ele também não pode ressuscitar o bebê?”

   Estava no escritório e ouvia perfeitamente o diálogo e me senti culpado. Digo diariamente que acredito na ressurreição de Cristo, que acredito que todas as pessoas que a Bíblia afirma terem ressuscitado de fato ressuscitaram, mas por algum motivo parecia não mais acreditar que nos nossos dias Jesus não pode mais fazer esse milagre. Minha fé de fato é pequena.

   Isso me levou a uma reflexão sobre os discípulos, afinal eles não acreditaram na possibilidade de Jesus poder ressuscitar dos mortos e por isso sentiram-se mal e se esconderam para também não morrerem. E eu sei porque eles perderam a esperança.

   Desde quando nasci, até o momento, nunca vi uma pessoa ressuscitar, pelo menos do tipo que nem Lázaro, estar morta e enterrada e se levantar inteiro e sair andando com a saúde restaurada. Para os discípulos não eram muito diferente, eles acreditavam no máximo que Jesus poderia operar tais milagres, mas Ele morreu, como se ressuscitaria? Do mesmo que sou cético quando o tema é ressurreição, os discípulos também o eram.

   Será então que é tudo apenas uma questão de fé cega, sem evidências para argumentar? A resposta é não e vou explicar aqui o porque Jesus de fato ressuscitou.

   Gary Habermas completou a mais ampla investigação já feita até o momento sobre o que os estudiosos acreditam a respeito da ressurreição de Jesus. Habermas reuniu mais de 1.400 obras dos eruditos mais críticos que falam sobre a ressurreição de Jesus, escritas de 1975 a 2003. Na obra The Risen Jesus and Future Hope [O Jesus ressurreto e a esperança do futuro], Habermas expõe que quase todos os estudiosos, independentemente do espectro ideológico — desde os ultra liberais até os conservadores defensores da Bíblia -, concordam que os pontos a seguir, todos relacionados a Jesus e ao cristianismo, são fatos históricos reais:

01. A morte de Jesus deu-se por meio da crucificação romana.
02. Ele foi sepultado, muito provavelmente, num túmulo particular.
03. Pouco tempo depois, os discípulos ficaram desanimados, desolados e desacorçoados, tendo perdido a esperança.
04. O túmulo de Jesus foi encontrado vazio pouco tempo depois de seu sepultamento.
05. Os discípulos tiveram experiências que acreditaram ser aparições reais do Jesus ressurreto.
06. Devido a essas experiências, a vida dos discípulos foi totalmente transformada. Depois disso, até mesmo se dispuseram a morrer por sua crença.
07. A proclamação da ressurreição aconteceu logo de início, desde o começo da história da igreja.
08. O testemunho público e a pregação dos discípulos sobre a ressurreição de Jesus aconteceram na cidade de Jerusalém, onde Jesus fora crucificado e sepultado pouco tempo antes.
09. A mensagem do evangelho concentrava-se na pregação da morte e da ressurreição de Jesus.
10. Tiago, irmão de Jesus e cético antes desse evento, converteu-se quando acreditou que também vira o Jesus ressurreto.
11. Poucos anos depois, Saulo de Tarso (Paulo) tornou-se cristão devido a uma experiência que ele também acreditou ter sido uma aparição do Jesus ressurreto

   Dados os eventos históricos que temos registrado tanto dentro como fora da Bíblia, é necessário pensar da seguinte maneira para tentar justificar o que de fato aconteceu sem contradizer a história e desde já afirmo que a ressurreição de Jesus Cristo é a melhor explicação histórica para isso.


   Para não deixar esse post muito longo, vou terminar por aqui e então vou descrever nos post algumas teorias dos céticos para analisar o que poderia ter acontecido no lugar da ressurreição.

terça-feira, 25 de março de 2014

A Palavra Certa

   Muitas vezes o líder esquece um detalhe que pode fazer toda a diferença no sucesso de um projeto ou não, a linguagem! Samuel Johnson disse certa vez que a “linguagem é a roupagem do pensamento”. Mas entes de aprofundar a pergunta correta que devemos fazer é: O que é linguagem?

   Definiria a linguagem como a forma em que nós nos comunicamos, seja pela fala ou símbolos, usado entre duas ou mais pessoas com a intenção de transmitir ideias, sentimentos, emoções ou mesmo nossos próprios valores.

   “A linguagem é como uma caixa de ferramentas.” Foi desta maneira que o alemão Ludwig Wittgenstein definiu a linguagem, e ele esta certo. Um líder por tanto tem que saber construir frases para definir e transmitir com precisão o que quer que com a visão, missão ou lema da empresa e porque não para a igreja, para seus interessados.

   Bill Hybells diz que “visões inteiras vivem ou morrem dependendo das palavras que o líder escolhe para articulá-las.” Não adianta uma boa ideia se ela não consegue ser compreendida. Não adianta eu falar em uma igreja que aprofundar a homilética é importante quando ninguém sabe o que é homilética.

   Como pastor sei que é necessário também conhecer o público que prego e falo. Igrejas são diferentes, já tive público universitário com mestres e doutores em seu meio e já falei ao outro extremo, pois no final do culto fui abordado com a pergunta: “De qual igreja Albert Einstein é pastor?” Para um sermão ser bem entendido a linguagem tem que ser muito bem pensada.

   Além disso temos que reconhecer que a linguagem também pode ser uma barreira para um recém chegado, quem não passar um tempo no Rio Grande do Sul não vai saber o que significa “ficar largateando”. No caso dos adventistas existem toda uma fala que poucos de fora poderiam entender. Como por exemplo a “tríplice mensagem angelical” ou “hoje na igreja 10 almas foram batizadas”. A primeira se refere a uma passagem específica de Apocalipse e a segunda a palavra alma é igual a pessoa e não um fantasma ou coisa que o valha.

   Como pastor e professor sei que para motivar membros e alunos para seguirem uma estratégia tenho que usar palavras que mexam com o coração e a mente levando o público a ação.

   Pense nas palavras e nas pessoas que você quer atingir.

domingo, 23 de março de 2014

Cristão bonzinho?! Papo furado!

   Uma matéria da revista Exame publicada na internet (Link aqui) tem um título chamativo: “Não acreditar em Deus? As pessoas vão te julgar (para pior).” E o subtítulo resume bem a matéria: “Quase 9 em cada 10 brasileiros afirma que acreditar em Deus é necessário para se tornar uma pessoa boa. Para especialista, formação moral no país ainda esta ligada a religião.”

   A pesquisa foi feita pelo Instituto Pew Reserch Center em 40 países. Infelizmente o artigo não fala sobre amostragem da pesquisa o que dificulta dar credibilidade ou não da pesquisa, mas existem aqui pelo menos dois pontos que gostaria de ressaltar.

   Primeiramente, como eu posso definir o que é uma pessoa boa? Quando se acredita em Deus isso se torna fácil, pois Deus através da Sua Palavra nos ensina o que é bom e o que não é. Mas quando se é um ateu, como definir o que é uma pessoa boa ou ruim. Hitler tentava fazer uma seleção de espécies dentro da Alemanha e que a raça ais evoluída deveria dominar a mais fraca. Para ele isso era bom. Será que ele estava errado?

   Claro que todos concordam que Hitler estava errado. Ninguém hoje diria que ele estava certo, a não ser um grupo de nazistas que ainda vivem por ai, mas são numericamente insignificantes diante da população mundial. Mas a pergunta ainda fica. Se não há Deus o que define o bom e o mal? Nossa cultura, que no caso do Brasil é praticamente cristã? A ciência? Quem ou o que define o certo e o errado?

   Segundo ponto, para um cristão sensato, uma pessoa é má por simplesmente não acreditar em Deus? Obviamente que não. Uma pessoa pode guardar os seis últimos mandamentos sem se que tocar nos quatro primeiros. Será?

   O que o cristianismo tem para oferecer não é simplesmente a transformação de pessoas ruins em más. Eu não me considerava uma pessoa má antes de me tornar cristão. O que o cristianismo tem como recompensa maior é transformar uma pessoa morta em uma pessoa viva. Dar a chance do homem de reconciliar-se com Deus para ser um herdeiro da vida eterna.

   Por outro lado conheço muitas pessoas que (pelo menos) dizem acreditar em Deus, frequentam igrejas e até participam ativamente do culto, mas que na vida prática vivem como se Deus não existisse. Nós chamamos isso de hipocrisia. Você tem alguma coisa contra a hipocrisia?

   Um homem certa vez me disse que não ia para a Igreja porque ela estava cheia de hipócritas e eu lhe perguntei: “Na empresa que você trabalha não têm nenhum hipócrita?” Se bobear, nem na cama que dormimos deixa de ter um hipócrita. Portanto vai ter também na Igreja que é formada por homens. Mas ai que entra o principal papel da igreja, ser o hospital espiritual de cada membro ali presente. Igreja não é o local onde pessoas perfeitas se reúnem, mas um local onde pecadores se reúnem para louvar a Deus, que é perfeito.

   Voltando a questão, dizer que uma pessoa só pode ser boa se acreditar ou não em Deus sem dar um parâmetro do que seria bom ou ruim já é problemático, porém é ainda pior um cristão não reconhecer que mesmo sendo conhecedor de Deus e das verdades bíblicas ele ainda é um pecador e praticante do mal.

   Portanto se você é cristão admita primeiramente que todos somos pela nossa própria natureza maus, todos somos pecadores e João já havia a muito deixado registrado que se “alegarmos que não pecamos, estamos mentindo e chamando Deus de mentiroso, pois Ele diz que nós pecamos” (I João 1:10 Bíblia Viva).

   Se perguntassem para mim se é necessário conhecer a Deus para ser bom, eu responderia com certeza de que todos somos maus, mas que pela graça do Senhor Jesus temos uma chance de obtermos a vida eterna e livre o do pecado e do mal em um próximo momento.

sexta-feira, 21 de março de 2014

O Fim do Ateísmo (3)

   Você acredita em um amigo imaginário? Eu não, mas acreditei em muitos, claro que na minha infância. Afinal quem não teve um amigo imaginário na infância. Mas será que Deus também é um amigo imaginário?

   Essa é uma alegação muito utilizada pelos ateus. Dizem que Deus é como nosso amigo imaginário na infância. Utilizam até exemplos como o Papai Noel. “Veja, existem crianças que acreditam em Papai Noel, mas com o passar do tempo descobrimos que ele não existe e que foi apenas uma invenção, como Deus.”

   Muitas vezes fazem comparações de Deus com um unicórnio ou um dragão, figuras míticas que nunca existiram, mas que ainda assim recheiam livros de contos para as crianças, assim seria também Deus e a Bíblia, um livro mítico com suas “criaturas” míticas.

   Porém existem grandes diferenças entre Papai Noel, unicórnio e dragões. Ninguém (em sã consciência) nunca acreditou que eles de fato existiram e nem mesmo estão dispostos a sacrificar parte da vida em nome dessas criações.

   Além disso, não existe nenhum argumento que afirme evidenciar a existência de unicórnios ou dragões, por outro lado existem muitas evidências que sustentam a existência de Deus e de que a Sua existência corresponde com o mundo em que vivemos. Nesse próprio blog temos duas fortes evidências que confirmam a existência de Deus.

   Onde eu quero chegar. Antes de um ateu comparar Deus com seres imaginários ele precisa primeiro eliminar as evidências da existência de Deus. Chega a parecer que a intenção de um ateu que usa o argumento do amigo imaginário é provocar do que de fato discutir. Primeiro rebata os argumentos e então diga que Deus é um amigo imaginário.

   Agora usando o mesmo argumento contra um ateísmo.

   Você ateu já deveria ter amadurecido o suficiente para não mais aceitar estórias de criança como a evolução das espécies. Veja, quando éramos crianças acreditávamos que poderíamos ser um X-man ou mesmo um Jedi, mas a realidade que por mais tempo que passe, um filho do homem não passa de um homem, todos com cabeça, braços, pernas e outras coisas mais. Chega uma altura do campeonato que percebemos que as coisas não mudam tanto como os quadrinhos e os filmes de ficção científica indicam.


   Se você é um ateu e está lendo isso vai querer argumentar que existe evidências que a “Evolução das Espécies” de fato aconteceu. Pois bem, dizer que Deus é como um amigo imaginário é tão imbecil quanto. Você precisa primeiro eliminar as evidências e então pode manter a brincadeira.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Ditadura da minoria

   Uma das coisas que procuro tomar cuidado aqui no blog é não perder a razão ou mesmo ser sarcástico com na crítica. Mas algumas vezes ouço coisas que soam tão idiota, e o pior, o cara fala em público, que me dá vontade de usar o próprio humor sarcásticos contra os humoristas.

   No vídeo abaixo um grupo de humoristas falam brevemente sobre o limite do humor e o “humorista” que representa o portal Porta dos Fundos estava lá presente e falou sobre os limites de seu canal.

   “A gente têm muitos limites na Porta dos Fundos, por incrível que pareça. É porque religião não é um deles. Mas a gente tem um limite. Por exemplo, agente nunca vai rir, por exemplo, negros. A  gente não vai rir, nesse sentido de desmerecer, nesse sentido, por exemplo, a gente já falou de racismo no ‘KKK’, é um que a gente esta rindo da Klux Klux Klan, rindo do racista, que bom. A gente esta rindo... é assim... os limites no Porta é a minoria, a gente não fala de minoria. É bom lembrar que religião não é minoria, religião é maioria, é poder, tá vinculada ao poder, uma instituição riquíssima, todas elas são ricas, a maioria delas são muito ricas, são vinculadas ao poder, tem bancada, quando a gente ri de religião, a gente não tá rindo do pobre, a gente tá rindo do rico, é do poderoso, é minha opinião.”
 
   São estes argumentos que me fazem duvidar da capacidade intelectual do humorista e entender porque ele parte para o sarcasmo. Se for minoria não pode ofender, se for maioria pode. Se for pobre não posso agredir, se for rico pode. Será que ele tinha noção do que estava falando. Então um Robin Hood estava certo em roubar dos ricos para dar aos pobres.

   Ele não fala de negro porque pode ser preso, não expõe preconceitos contra minorias porque seria taxado de “mente fraca” ou um “fundamentalista”. Isso não é limite é lei. Não existem leis que protejam a maioria por se pensar que ela não precisa de proteção, mas o mesmo respeito que um gay, negro, judeu, português, ateu ou mulher que a lei dá a eles como garantia também deve ser compartilhado aos brancos, homens, cristão, heterossexuais ou o que for.


   O preconceito não precisa ser exatamente contra a minoria, pode ser também contra a ampla maioria. O que eu não entendo é porque um minoria é protegida pela lei (como deve ser) enquanto uma maioria pode sofrer com sarcasmo, zombaria, preconceito, fundamentalismo secular ou cristofobia.


sexta-feira, 7 de março de 2014

Eu Ateu ou auto-ajuda

   Gostaria de pedir para você assistir o vídeo abaixo primeiro para então ler a resposta que darei logo abaixo.


   O Yuri quase me lembrou pregadores que gostam de aparecer na TV, com pouco menos de oratória típica dos sensacionalistas, mas apelando ao sentimentalismo das pessoas que estão assistindo do tipo... “você que passou por uma separação difícil ou dolorosa, pode ser que você tenha sido um dependente químico...” Em suma, ao não contráriar a sua fé de início e ao falar da sua dor ele apresentou empatia e cria um link com a pessoa que passou pela experiência mencionada.

   Após o trabalho introdutório de criar empatia com o público alvo, os cristãos, ele nos leva a uma questão: Como explicar para você que a “cura” divina que você recebeu para os seus problemas não são de Deus?

   Então ele faz uma afirmação categórica: “Deus não existe!”. Claro que sem mostrar um bom argumento, mas aqui no Blog já deixei dois bons argumentos sobre a existência de Deus e podem ser lidos nos links abaixo.

Argumento 1
Argumento 2

   Então ele faz duas afirmações sobre Jesus, primeiro que Ele não existiu e nesse caso se referindo ao Jesus descrito na Bíblia que se intitulou ser Deus, que fez milagres e que morreu em uma sexta e ressuscitou no domingo. Segundo que Jesus histórico provavelmente não existiu... o que é um absurdo afirmar. Gosto do Yuri, é meu amigo pessoal, mas já havíamos discutido sobre isso em um passado por e-mail e não o considero mais ignorante no assunto.

   Dando um exemplo, Flávio Josefo (c. 37-100 d.C.) que, por fim, tornou-se o maior historiador judeu de sua época. Josefo começou a escrever documentos históricos em Roma, enquanto trabalhava como historiador do imperador romano Domiciano. Foi ali que escreveu sua autobiografia e duas obras históricas importantes. Uma dessas obras é sua atualmente famosa Antiguidades dos judeus [publicada em português pela CPAD], concluída por volta do ano 93. No livro 18, capítulo 3, seção 3 dessa obra, Josefo, que não era cristão, escreveu estas palavras:

“Nessa época [a época de Pilatos], havia um homem sábio chamado Jesus. Sua conduta era boa e [ele] era conhecido por ser virtuoso. Muitos judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à crucificação e à morte. Mas aqueles que se tornaram seus discípulos não abandonaram seu discipulado, antes relataram que Jesus havia reaparecido três dias depois de sua crucificação e que estava vivo; por causa disso, ele talvez fosse o Messias, sobre quem os profetas contaram maravilhas.”
 
  Algumas pessoas alegam que essa citação foi toda inserida no livro, o que é uma decisão de fé, pois não há manuscritos que comprovem isso. Se tivesse já até seria retirado do livro, porém a uma dúvida maior quanto a palavra “Messias”, esse sim inserida pelos cristãos.

   Em outra passagem das Antiguidades dos judeus, Josefo revelou de que maneira o novo sumo sacerdote dos judeus (Ananus, o jovem) valeu-se de um hiato no governo romano para matar Tiago, o irmão de Jesus. Isso aconteceu no ano 62, quando o imperador romano Festo morreu repentinamente durante seu ofício. Três meses se passaram até que seu sucessor, Albino, pudesse chegar à Judéia, abrindo um grande espaço de tempo para que Ananus realizasse seu trabalho sujo. Josefo descreve o incidente da seguinte maneira:

“Festo está morto, e Albino está a caminho. Assim, ele [Ananus, o sumo sacerdote] reuniu o Sinédrio dos juízes e trouxe diante deles o irmão de Jesus, que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago, e alguns outros [ou alguns de seus companheiros] e, quando havia formulado uma acusação contra eles como transgressores da lei, ele os entregou para que fossem apedrejados.”

   Existem nove outros escritores não-cristãos conhecidos que mencionam Jesus num período de até 150 anos depois de sua morte, que são: Tácito, historiador romano; Plínio, o Jovem, político romano; Flegon, escravo liberto que escrevia histórias; Talo, historiador do século I; Suetônio, historiador romano; Luciano, satirista grego; Celso, filósofo romano; Mara bar Serapion, cidadão reservado que escrevia para seu filho; e o Talmude.

   Para quem nunca governou, nunca construiu um monumento, nunca escreveu um livro ou
compôs uma única música, Jesus possui fontes demais. A historicidade não esta em jogo.

   Voltando ao vídeo, agradeço por não ter dito categoricamente que Jesus histórico não existiu. Porém outra informação agora bem equivocada, pois ele esta fazendo uma afirmação categórica ao dizer que o cristianismo foi criado por um político e por questões políticas.

   Como ele não cita no vídeo como isso aconteceu, estarei aqui supondo que ele esteja falando de Constantino ter formulado em sua época a Igreja Católica Apostólica Romana, o que é verdade, porém isso nada tem haver com a criação do cristianismo.

   Depois da ascensão de Cristo ao Céu, os discípulos começaram a pregar com fervor e no fim do primeiro século já era possível contabilizar um milhão de cristãos no mundo.  A pregação continuou forte e embora Roma tenha lutado com todas as suas forças contra a crescente religião monoteísta que crescia dia a dia, o Império Romano se viu derrotado e antes de se partir, aderiu ao cristianismo assumindo ele como religião oficial e assim foi criada a Igreja Católica, mas em nada algum político colaborou para a formação do cristianismo, na verdade apenas se rendeu ao que não conseguia para de crescer.

   Constantino se tornou um cristão? Pense comigo, ele se tornou tão humilde que fez uma cidade chamada “Cristonópolis”? Não, fundou Constantinopla e só foi batizado no fim da vida por um homem que não acreditava na trindade.

   Mas vamos continuar com o vídeo. O Yuri afirma que não a força olhando por nós, que milagres não existem, mas o que existem são eventos improváveis, mas não impossíveis e que eles podem sim ocorrer.

   Nada de surpresa aqui, afinal o Yuri é um evolucionista, ou seja, alguém que acredita que coisas tão improváveis, tão absurdas de acontecer, de fato aconteceram. Estamos falando de um homem de extrema fé, daquele tipo que crê que a vida surgiu da não vida, algo nunca observado e que até onde sabemos é impossível. A fé de que o tempo, com a coincidência e o acaso possam trazer a melhor resposta.

   Ai o Yuri faz uma confusão entre o que um cristão sente em relação ao milagre e o que a nossa força de vontade faz por nós. Vou dar um exemplo pessoal aqui.

   Tentei parar de fumar quatro vezes e não consegui, orei para Deus e não me esforcei, simplesmente acordei sem vontade. Nas quatro primeiras vezes meu corpo clamava pelo cigarro, aquela vozinha na cabeça dizendo “só um”. E quem tentou parar de fumar sabe bem o que eu estou falando. Mas quando orei, nunca precisei lutar com essa voz, o combate estava vencido e sei que não foi por mim.

   Talvez alguns tenham medo de aceitar Cristo com uma muleta, eu pelo contrário não tenho problema, afirmo que necessito de uma muleta e que não pode ser qualquer coisa, mas algo forte e que me sustente, e achei o que necessitava em Cristo.

   Teria eu algum benefício que eu poderia atingir sem a minha religião? Claro que sim, muitos deles. Mas o problema é que a religião não esta aqui para me fazer atingir coisas impossíveis, ela esta aqui para aliviar o fardo, esta aqui para me manter no foco, esta aqui para me dar esperança daquilo que é inevitável, a morte. Religião não é sobre vencer um câncer, milagres nem se quer podem ser tidos como sinais de um religião verdadeira e a Bíblia deixa isso claro. Religião é para religar você a Deus. Restaurar a imagem de Deus em você. Deus em nenhum momento despreza a força humana, penas sabe que ela é limitada e nós nos cansamos, por isso Ele quer andar sempre ao nosso lado.

   Por fim, a filosofia apresentada no vídeo é semelhante à de qualquer livro de auto-ajuda, nada novo, nada que abale a fé de quem realmente tem fé.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Sábado ou domingo: O que Betrand Russell diz?

   A muito se debate sobre qual o dia da guarda que os cristãos devem observar. Sábado ou Domingo. O dia que Deus estipulou na Bíblia ou o dia em que Jesus ressuscitou.

   Que tal pegar uma pessoa imparcial sobre o tema. Bem, como achar alguém imparcial? Simples, pergunte a um ateu de convicção e que tenha estudado a Bíblia com olhos críticos sobre aquilo que a Igreja diz e o que a Palavra do Senhor diz.

   Quero convidar para essa conversa o falecido ateu, Betrand Russell para mais uma colaboração aqui no blog revelando sua posição sobre o tema sábado versus domingo. Para ficar bem claro vou mostrar todo o parágrafo que se encontra no livro No que acredito, Porto Alegre, RS: L&PM, 2010, p.61.

   “A moralidade atual constitui uma coisa curiosa misturada de utilitarismo e superstição, mas o componente supersticioso exerce uma maior influência, como é natural, uma vez que a superstição é a fonte de normas morais. Originalmente , certos atos eram tidos como desagradáveis aos deuses, sendo, desse modo, proibidos por lei por temer-se a ira divina pudesse recair sobre toda a comunidade, e não apenas sobre os indivíduos culpados. Daí nasceu a concepção de pecado, como aquilo que desagrada a Deus. Não se pode determinar por que razão certos atos eram de tal modo desagradáveis; por que era desagradável que um cabrito fosse cozido no leite de sua própria mãe. Mas ficou0se sabendo, pela Revelação, que tal era o caso. Por vezes as ordens divinas têm sido curiosamente interpretadas. Dizem-nos, por exemplo, que não trabalhemos no sábado, mas na compreensão dos protestantes isso significa que não devemos nos divertir nos domingos. Porém, a mesma autoridade sublime é atribuída tanto à nova quanto à antiga proibição.”

   Sinceramente concordo com a dificuldade que a igreja apresentava para uma pessoa mais crítica como o Russell. Como pode a Bíblia dizer uma coisa e os ditos cristão simplesmente fazerem outra bem diferente? Quantas almas não poderiam ser sido ganho apenas com a fidelidade a Palavra de Deus.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Betrand Russel e a Bíblia têm razão

   Dentro do cristianismo temos duas visões básicas sobre a vida pós-morte, (1) a imortalidade incondicional, ou seja, depois morrer a vida continua de uma forma diferente e até mesmo em outros lugares (céu, purgatório e inferno), e existe um outro grupo que diz que morreu acabou, só quando Cristo voltar os justos irão para o céu. Claro que estou colocando aqui as visões de maneira abreviada e simples.

   O falecido filósofo Betrand Russell concordaria com o segundo grupo, ele afirma no seu livro No que acredito ainda no primeiro capítulo que tampouco “podemos supor que o pensamento individual possa sobreviver à morte corporal, uma vez que ela destrói a organização do cérebro e dissipa a energia por ele utilizada.”

   No mesmo livro uma página depois ele continua sua explicação: “sabemos que o cérebro não é imortal e que a energia organizada de um corpo vivo é por assim dizer, desmobilizada à hora da morte, estando consequentemente indisponível para uma ação coletiva. (...) é razoável supor que a vida mental cesse no momento em que cessa a vida material.”

   É impressionante como um ateu fala sobre mortalidade com melhor propriedade que muito cristão. E concordo com ele, morreu, acabou. Mas o que me chamou atenção foi quando ele afirmou: “Deus e a imortalidade, dogmas centrais da religião cristã, não encontram respaldo na ciência.”

   Esse aqui é um equívoco comum de ver, o famoso “respaldo na ciência”. Nem tudo tem respaldo na ciência e não deixa de ser verdade. Exemplos não faltam: matemática, lógica e evento históricos. Para ser ciência precisa ser observável, mensurável e replicável. Eu não posso fazer isso com Dom Pedro I, mas ainda assim sabemos que ele foi o primeiro imperador do Brasil.

   Também não posso provar Deus através da ciência, pois o pressuposto da ciência moderna existir é a própria existência de Deus, se Deus não existisse não encontraríamos ou suporíamos ordem no Universo, por isso a ciência surgiu em berço cristão.

   Mas concordo com Russell no quesito mortalidade do homem. Se Deus tivesse nos dado um espírito capaz de pensar por si só, por que Deus teria feito o cérebro? Além disso, Russell encontra respaldo bíblico para a sua afirmação. Veja alguns exemplo abaixo:

Gênesis 2:7
“Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.”

   Matemática bem simples desse verso bíblico: pó + fôlego de vida = alma vivente.

Gênesis 2:17
“mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

   Perceba que Deus não esta falando que “passará dessa para melhor”  ou qualquer coisa do tipo, Ele esta dizendo que vai morrer e isso para Deus é bem simples: “porque tu és pó e ao pó tornarás.” Nada de uma vida após morte.

Eclesiastes 3:19-20 e 12:7
“(19)Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede com os animais; o mesmo lhes sucede; como morre um, assim morre o outro, todos têm fôlego de vida, e nenhuma vantagem têm os homens sobre os animais; porque tudo é vaidade. (20) Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão. (12:7) e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”

   A matemática também é bem simples aqui: alma vivente - fôlego vida (espírito) = pó da terra.

   Concluindo, Russell estava certo ao dizer que não existe imortalidade e que a ciência respalda essa afirmação, estava certo ao dizer que a imortalidade aparece dentro do cristianismo como um dogma central. Mas o meu alerta é que a Bíblia não vai contra a ciência, pelo contrário, o que a Bíblia diz sobre a mortalidade da alma é justamente o que a ciência corrobora. Se Russell tivesse se dedicado pouco mais ao estudo da Palavra perceberia esse equivoco.

terça-feira, 4 de março de 2014

O Mito da Caverna - Platão

   Imaginemos, escreve Platão, uma caverna separada do mundo exterior por um alto muro. Entre esse muro e o chão há uma fresta por onde passa alguma luz externa, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos estão acorrentados ali, sem poder mover a cabeça na direção da entrada nem se locomover até ela, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol. Estão quase no escuro imobilizados.

   Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que passam do lado de fora sejam projetadas como sombras naquelas paredes do fundo da caverna.

   Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres, animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna.  Nunca tendo visto o mundo exterior, os prisioneiros julgam que a sombras das coisas e das pessoas, os sons e suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos são coisas vivas que se movem e falam.

   Os prisioneiros se comunicam, dando nomes às coisas que julgam ver (sem vê-las realmente, pois estão na obscuridade), e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindo de fora, são as vozes das próprias sombras, e não dos seres humanos cujas as imagens são projetadas na parede, e também imaginam que os sons produzidos pelos artefatos que essas pessoas carregam nos ombros são vozes de seres reais.

   Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade, tanto as sombras das coisas e dos seres humanos exteriores como as sombras dos artefatos fabricados por eles. Essa confusão, porém, não tem como causa um defeito na natureza dos prisioneiros, e sim as condições adversas que se encontram. Que aconteceria se eles fossem libertados dessa situação miserável?

   Um dos prisioneiros, inconformado com a condição que se encontra, decide abandonar a caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção da saída e escala o muro. Enfrentando as durezas de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pelo luminosidade do Sol, com o qual os olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a ação da luz externa, muito mais forte que a fraca luz do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.

   Incredulidade, porque será obrigado a decidir sobre onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu? Deslumbramento (literalmente “ferido pela luz”), porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas.

   Seu primeiro impulso é retornar para a caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão, que lhe parece mais acolhedora. Além disso precisa aprender a ver, e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna, onde tudo é familiar e conhecido.

   Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as coisas como ela realmente são, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com toda a sua força para jamais retornar a ela. Mas lamenta a sorte dos outros prisioneiros. Por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.

   Que lhe acontece no retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras. Se não conseguirem silenciá-los com suas caçoadas, tentarão fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teimar em afirmar o que viu e os convidar a sair da caverna, certamente acabarão por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderão ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

   O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. O que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que estamos percebendo a realidade. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz do Sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo Sol da verdade? A realidade. Qual é o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A filosofia.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Kibe Loco e o sarcasmo

   Observando a maioria dos sites de humor eu percebo que a maior parte usa uma coisa chamada sarcasmo do que as boas e velhas piadas e percebo também que ela tem um grande número de apreciadores e por isso resolvi escrever sobre o tema aqui, e o exemplo que vou usar o badalo site Kibe Loco, e sua ramificação no Youtube, o Porta dos Fundos, como exemplo.

   Primeiramente vamos definir o que é sarcasmo. Vejamos algumas definições: 1) Ironia ou zombaria mordaz e cruel. 2)Figura de retórica. Que consiste em empregar esta espécie de escárnio para afrontar ou ofender pessoas ou coisas. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa.

   Um bom comentário sobre sarcasmo foi feito por Davis Denby e pode ser visto no seu livro Snark: It’s Mean, It’s Personal, and It’s Ruining Our Conversation [Sarcasmo: É Maldoso, É Pessoal e Está Arruinando nossa Conversa] quando disse: “o sarcasmo tenta roubar a energia de alguém, apagar sua compostura e aniquilar sua eficácia com um insulto que causa desiquilíbrio e é torpe, provocador, insidioso e faz referência a algum preconceito ou mau gosto compreendido e compartilhado em geral”.

   Já Ryan Holiday em seu livro Acredite, estou mentindo: confissões de um manipulador das mídias, define de maneira mais simples: “você sabe que esta lhe dando com sarcasmo quando tenta responder a um comentário e percebe que não há nada que se possa dizer”.

   Claro que nosso primeiro instinto é o de responder quando nós ou nossas crenças são vítimas do sarcasmo e geralmente apelamos a algo que todos na teoria aceitam, a razão. E não funciona, na verdade toda energia que você gastar em sua defesa será usada contra você para tornar o constrangimento ainda pior.

   Como você já deve ter percebido o sarcasmo é destruidor. Ele não tem nenhum poder construtor, apenas aniquila. E por que é usado? Simples, é rentável e fácil para os blogs e vlogs, basta ver quão rápido o portal do Porta dos Fundos teve de assinantes.

   O sarcasmo é o recurso perfeito pra as pessoas que não têm nada a dizer. Esse estilo é o preferido porque gera cliques, é barato e rápido. Não precisa ser nenhum grande intelectual. Diga um bom artigo que tenha de fato feito você refletir e mudar de opinião no blog do Kibe Loco!

   A ideia do blog com seus vídeos provocativos não é fazer rir, isso seria humor e não sarcasmos, mas o sucesso esta em fazer você dar aquele sorriso de canto de boca. Para isso se humilha, distorce, machuca e o que for mais necessário.


   O sarcasmo é o jeito barato de escrever sem pensar e ainda assim parecer inteligente, com a simples desculpa de que com o sarcasmo vão mudar o mundo, será? Será que provocar, machucar, alfinetar, blasfemar contra Deus ou o homem e qualquer outra coisa que seja tem o poder de mudar o mundo para melhor?

   Imagino que para excluídos, as minorias ou qualquer um que possa sentir o bafo da perseguição no cangote o sarcasmo seja seu único refúgio. Eles podem debochar, escarnecer, mentir ou perturbar, mas são impossibilitados de servires seus leitores expondo corrupção ou quem sabe apoiar uma causa com argumentos verdadeiros.

   O astuto jornalista universitário da Columbia University, Philip Petrov no artigo “Why Are College Students – and Bwog – So Clever” (http://www.columbiaspectator.com/2009/03/08/why-are-college-students-and-bwog-so-clever) comentou: “Sarcasmo não é a resposta das ‘massas’ ao discurso duplo e vazio dos políticos. É um mecanismo de defesa para jornalistas que, sem ter o que falar, morrem de medo de serem criticados ou escarnecidos. O texto sarcástico reflete um medo essencial – o medo de que riam de si. Jornalistas sarcásticos não querem ser debochados, então atacam primeiro debochando de todo mundo à vista.”

   O sarcasmo faz com que o blogueiro “jornalista” sentir uma força que ele sabe, lá no fundo, não possuir. O sarcasmo faz o escrito sentir-se seguro e que esta com a situação sob controle. Sarcasmo oferece a posição intelectual ideal. Ele pode criticar, mas não pode ser criticado. Pior, não precisa de provas para escrever, afinal é humor.

   O Porta dos Fundos usa o sarcasmo frequentemente contra a religião, o cristianismo em si. Eles nunca apresentam um bom motivo e seus vídeos são desprovidos totalmente de argumentos, pois o sarcasmo em si não consegue ser racional, pelo contrário, ele encoraja a falsidade e a estupidez que supostamente tenta denunciar.

   Não é atoa que Roger Ebert chama o sarcasmo de “vandalismo cultural”. O sarcasmo impossibilita a cultura, ou melhor, ele torna impossíveis as condições que possibilitam a cultura. Seriedade, honestidade e vulnerabilidade: esses são os alvos do sarcasmo. “O sarcasmo funciona como um dispositivo para punir características humanas como espontaneidade, excentricidade, não conformismo e o simples erro.”

   Por fim, as pessoas que florescem sob o sarcasmo são exatamente aquelas que gostaríamos que desaparecessem.


   O que fazer quando sou alvo o sarcasmo? Aceite o golpe e ignore. Deixei de ouvir programas de rádio, ver outros na televisão e de acompanhar futuras promessas da internet (algumas conseguiram seus objetivos) por atacarem justamente aquilo que acredito ou sou. Atenção é o que mais querem e serem ignorados é o que mais tem medo.


   Me perturba os vídeos ofensivos contra o cristianismo? Não, eu simplesmente não assisti mais depois do primeiro. Sabem por que? Pensei comigo: “Se esse é o melhor argumento que possuem. Então não oferecem problema nenhum.” Tem cara no Youtube muito mais inteligente e que aceita a racionalidade para falar ou dar seu parecer (a favor ou contra) aquilo que sou e acredito.